O Que os Pais da Igreja Diziam Sobre o Evangelho de Maria Madalena e o de São Bartolomeu?

 

Você já se perguntou por que alguns evangelhos foram deixados de fora da Bíblia? Textos como o Evangelho de Maria Madalena e o Evangelho de São Bartolomeu ainda geram muita curiosidade e debate. Neste artigo, vamos explorar o que os Pais da Igreja diziam sobre esses evangelhos apócrifos, por que foram considerados heréticos e qual foi o impacto deles na formação do cristianismo ortodoxo.

O Que São Evangelhos Apócrifos?

Antes de tudo, é importante entender o que significa "apócrifo". O termo se refere a livros que não foram incluídos no cânon oficial da Bíblia, geralmente por apresentarem doutrinas consideradas incompatíveis com os ensinamentos apostólicos.

Tanto o Evangelho de Maria Madalena quanto o Evangelho de São Bartolomeu se enquadram nessa categoria. Ambos apresentam visões alternativas e gnósticas sobre Jesus, os apóstolos e a salvação, o que levou os teólogos da Igreja primitiva a rejeitá-los.


Evangelho de Maria Madalena: O Que Ele Diz?

Evangelho de Maria Madalena, escrito provavelmente no século II, retrata Maria como uma discípula especial de Jesus, com acesso a ensinamentos secretos que os outros apóstolos não compreendiam. Esse evangelho é fortemente influenciado pelo gnosticismo, uma corrente religiosa que acreditava na salvação através do conhecimento (ou "gnose").

No texto, Pedro e os outros discípulos questionam a autoridade de Maria, mas ela insiste que recebeu revelações diretamente de Jesus. Essa narrativa confronta diretamente a estrutura apostólica tradicional da Igreja.


O Evangelho de São Bartolomeu: Um Texto Mais Tardio e Misterioso

Diferente do evangelho de Maria, o Evangelho de São Bartolomeu surgiu em um período mais tardio, provavelmente na Idade Média. Ele descreve cenas extraordinárias, como Bartolomeu descendo ao inferno e confrontando demônios. É um texto carregado de simbolismo e elementos fantásticos, mas sem base apostólica reconhecida.

Por isso, esse evangelho nunca foi considerado sério pelos teólogos ortodoxos, e pouco aparece nas discussões dos primeiros séculos da Igreja.


O Que os Pais da Igreja Diziam Sobre Esses Evangelhos?

Embora nenhum dos principais Pais da Igreja cite diretamente esses dois evangelhos, suas obras refutam claramente as ideias que esses textos defendem, principalmente por conta do conteúdo gnóstico e não apostólico.

Veja o que alguns deles diziam:

1. Irineu de Lyon (c. 130–200 d.C.)

Autor da obra "Contra as Heresias", Irineu foi um dos primeiros a combater os textos gnósticos. Ele criticava a ideia de que figuras como Maria Madalena tivessem conhecimento superior ou secreto, conceito central no evangelho que leva seu nome.

2. Tertuliano (c. 155–240 d.C.)

Tertuliano atacava os "falsos evangelhos" e rejeitava qualquer texto que não tivesse origem apostólica comprovada. Ele era enfático ao dizer que a fé cristã não dependia de revelações ocultas, como as que aparecem no Evangelho de Maria.

3. Hipólito de Roma (c. 170–235 d.C.)

Em "Refutação de Todas as Heresias", Hipólito denunciava seitas gnósticas que exaltavam personagens bíblicos como Maria Madalena em papéis de destaque. Para ele, isso era uma distorção da verdade transmitida pelos apóstolos.

4. Epifânio de Salamina (c. 310–403 d.C.)

Epifânio escreveu sobre várias seitas heréticas e seus textos apócrifos em sua obra "Panarion". Ele não cita diretamente o Evangelho de Maria, mas ataca seitas que o teriam usado ou difundido doutrinas semelhantes.


Por Que Esses Evangelhos Foram Rejeitados?

Os critérios usados pela Igreja primitiva para definir o que era ou não Escritura sagrada eram claros:

  • Origem apostólica: precisava ter sido escrito por um apóstolo ou um discípulo direto.

  • Doutrina ortodoxa: o conteúdo devia estar alinhado com os ensinamentos de Jesus e dos apóstolos.

  • Uso litúrgico universal: devia ser amplamente usado nas igrejas cristãs espalhadas pelo mundo.

Textos como o Evangelho de Maria Madalena e o de São Bartolomeu não cumpriam esses requisitos. Por isso, foram considerados não canônicos e heréticos.


Conclusão

Embora despertem curiosidade até hoje, os evangelhos apócrifos como o de Maria Madalena e São Bartolomeu foram rejeitados pelos Pais da Igreja por sua origem duvidosa e doutrina incompatível com o cristianismo ortodoxo. Figuras como Irineu, Tertuliano e Hipólito foram decisivos para proteger a fé cristã contra heresias que tentavam modificar o Evangelho original.

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